Se você estiver perto das quarenta
primaveras como este que vos escreve, e dependendo do seu nível de interesse
musical e ainda, se possuir boa memoria fonográfica poderá achar que o título
acima se refere àquela música do ABBA, “Dancing Queen”. Se você não era nem
nascido na época em que essas batidas suecas faziam sucesso, vale uma googlada.
Mas eu não estou falando de Europop ou de Groovin – estou falando de rock, e
rock que te permite dançar. Aliás, é prá dançar mesmo. E como!
Lembra quando o Queen era a maior banda de
rock do planeta? É isso mesmo!... rock com os solos de guitarra do Brian, a
poderosa bateria do Taylor, a poderosíssima voz do jamais superado (que Deus
perdoe Jessie J, Roger Taylor e tantos outros pelas heresias) Freddie e uma
certa... batida dance! Não vou aqui neste miserável e inabitado espaço entrar
em detalhes sobre o que o Queen significou para o rock e para o século XX. O
que mais que já não foi falado, poderia eu acrescentar sobre o arrojado “Jazz”,
sobre o deliciosamente deselegante “We Are The Champions” ou sobre os momentos
únicos e emocionantes de “A Night At the Opera”? Quem nunca dançou ao som de
Radio Ga Ga?
Alguns sabem e outros não, e eu estou aqui
para relembrar: Freddie não era inglês sangue puro. Era de Zamzibar. Caso não
saiba onde fica, posso lhe ajudar dizendo que é na Tanzania. Se mesmo assim não
fez diferença, é porque realmente não faz a menor diferença de onde ele veio e
sim para onde ele foi. O que estou tentando linkar, na verdade é a pseudo
relação entre Freddie e outra voz inglesa made in exportação, desta vez vinda do
Libano. Estou falando de Mika – que não tem a mesma biografia e presença de
palco, mas pode por muito rockeiro como eu pra dançar quando o ouço.
Os fãs mais danadinhos certamente estão incomodados
com as naturais comparações entre Mika e Freddie. Será que a voz do jovem
libanês pode ser mesmo comparada com a do veterano tanzaniano? São os arranjos
de Mika iguais ou até superiores aos do Queen? Quanto tempo a gente perde
discutindo essas miudezas, quando o que vale mesmo é que os dois tem um ponto
de convergência: o talento para a diversidade.
Logo ao ouvir seu disco de estreia, e já na sua
primeira faixa (Grace Kelly) você pode perceber que não está diante de mais um
produto enlatado que vão te enfiar goela abaixo. Não parecia com nada que estava
disponível nas prateleiras das rádios em 2007. Existem alguns tipos de sons que
te deixam atordoados. Fiquei assim com Hey Ya, do Outcast ou Crazy do Gnarls
Barclay. Foi assim com Mika. Mas este tem uma classe um nível acima.
Que me perdoem os fãs xiitas (como eu) do Queen por
ter a cara de pau e a audácia de usar o Freedie Mercury como introdução para
chegar ao Mika neste post, mas quem conhece ambos e, acima de tudo, quem
conhece o que é barulhinho bom, vão concordar comigo que depois da morte do
líder do Queen, poucos artistas demonstraram possuir tanto talento vocal quanto
o Libanês Mika.