agua gelada

acordo cansado
a contra gosto clareado
por um sol que madruga
tento fechar os olhos
tento conter a ruga 
é que vou deitar tarde
as vezes nem vou, na verdade
fico esperando o nada
da noite até a alvorada
que espera aguda! 
se quiçá adormeço
o sonho tanto viaja
que dele esqueço
o corpo fez pirueta
ou faz nada?
tanto faz
mas quando lavo a cara
de tão cansado
nem lembro da estrada 
o dia lá fora? esquece...
e em frente a pia
agua gelada, agua tardia
noites inteiras
distante do amor
apegado às olheiras 
perde a hora
só que o dia ainda exige
com peito estufado
café já tomado
e por mais que se exiba
vagou pela noite
continua fadado
à necas de pitibiriba

(Martins Filho)

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